Colonização linguística e outros escritos representa um longo caminho de pesquisas que realizei e publiquei nos últimos 15 anos sobre os destinos da língua portuguesa em alguns territórios colonizados por Portugal. O livro como um todo traz resultados desse percurso marcado, sobretudo, por uma questão central: quais os sentidos de língua portuguesa como língua de colonização e, posteriormente, de descolonização? Ao longo do livro, ao estabelecer os sentidos para língua portuguesa em nações colonizadas, percebe-se o apagamento da diversidade linguística bem como o silenciamento da heterogeneidade constitutiva das próprias línguas de colonização. Tanto durante a colonização linguística, como durante os processos políticos de descolonização, nos países assumidamente multilíngues, a gramatização com base em gramáticas e dicionários não resultou simplesmente em uma descrição das línguas para dotá-las de instrumentos linguísticos necessários ao seu ensino e aprendizado. Ao contrário, se o processo de gramatização produziu no Ocidente, durante as grandes descobertas, formas de conhecimento linguístico e, consequentemente, de domínio sobre as línguas e culturas das terras desconhecidas, gramatizar línguas línguas autóctones no século XX em países que se encontram em processo de descolonização pode ser, mais uma vez, dividir sociedades e excluir sujeitos com base na língua que falam. A originalidade de Colonização linguística está na produção do conceito de colonização linguística e na divulgação de textos históricos, alguns ainda inéditos sobre a colonização brasileira e moçambicana.